A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) aprovou o registro do primeiro remédio à base de maconha
(Cannabis sativa) no Brasil. Trata-se do Mevatyl, indicado para o
tratamento de espasticidade –rigidez excessiva dos músculos– relacionada
à esclerose múltipla.
O medicamento contém dois dos princípios
ativos da planta usados medicinalmente, o tetraidrocanabinol (THC), em
concentração de 27 mg/mL, e canabidiol (CBD), em concentração de 25
mg/mL, e será vendido apenas a maiores de 18 anos, em solução oral
(spray). A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União nesta
segunda-feira (16).
O remédio, registrado em outros países
com o nome Saitivex, será fabricado pela empresa britânica GW Pharma
Limited –no Brasil, a detentora do registro do medicamento é a empresa
Beaufour Ipsen Farmacêutica Ltda. O Mevatyl, por aqui, será
comercializado com tarja preta em sua rotulagem e a sua dispensação
ficará sujeita a prescrição médica por meio de notificação de receita.
De acordo com a agência, o medicamento,
aprovado em outros 28 países, incluindo Canadá, Estados Unidos,
Alemanha, Dinamarca, Suécia, Suíça e Israel, é destinado a pacientes não
responsivos a outros medicamentos antiespásticos.
A Anvisa ainda ressalta, em comunicado à
imprensa, que o Mevatyl não é indicado para o tratamento de epilepsia,
pois a presença do THC no composto pode causar agravamento de crises
epiléticas.
“A Anvisa é um órgão muito criterioso. Se liberou a presença destas substâncias [canabidiol e tetrahidrocanabidiol] em um remédio é porque estes componentes têm a eficácia comprovada em tratamento de doenças cujos métodos tradicionais não se mostraram tão positivos”, diz o médico psiquiatra Sabino Ferreira de Farias Neto.
O psiquiatra, no entanto, alerta que o
registro do medicamento não significa que a planta deva ser tratada como
remédio. “Alguns componentes da maconha podem funcionar como
medicamento, mas isso não significa que maconha é remédio. Não é.”
Para a advogada Margarete Brito,
presidente da Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis
Medicinal, considera o registro um avanço na questão da utilização da
maconha medicinal no Brasil.
“Agora que a gente tem um remédio
registrado na Anvisa com alto [teor de] THC, acho que não tem mais como
dizer que [este princípio ativo da maconha] não é remédio, que é
perigoso”, afirma. “Isso vem para dizer que [a Cannabis sativa] é
remédio, tem que ter mais pesquisa, tem que ter mais médico estudando
isso”. (UOL).
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