O presidente dos EUA, Barack Obama,
citou em sua última coletiva de imprensa antes do fim de seu mandato,
nesta quarta-feira (18) o avanço dos direitos dos homossexuais e
minorias sexuais como a coisa de que mais tinha orgulho durante seu
mandato.
Durante o governo de Obama, o Pentágono
acabou com a obrigação de não se declarar homossexual nas Forças Armadas
e posteriormente, após uma longa batalha judicial, a Suprema Corte
legalizou em 2015 o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o
país.
“Não podia estar mais orgulhoso da
transformação que ocorreu na nossa sociedade apenas nessa última década.
Creio que fizemos algumas contribuições para isso, mas os principais
heróis foram mesmo (…) todos os ativistas e filhos e filhas e casais
que disseram ‘esse é quem eu sou e tenho orgulho disso'”, afirmou Obama.
Segundo Obama, foi essa coragem
que permitiu que o casamento homossexual se tornasse uma realidade em
nível nacional, apesar da oposição de alguns Estados ou políticos
conservadores.
“O que fez esta Administração foi ajudar
a sociedade a se movimentar na direção correta, de uma maneira que não
criasse respostas negativas, com respeito”, resumiu o líder.
Obama disse estar confiante que, apesar
de ainda restarem avanços a serem resolvidos, como no caso dos direitos
dos transexuais, a mudança agora é “irreversível”, especialmente pela
maneira de pensar das gerações mais jovens, que não veem como algo
problemático que pessoas do mesmo sexo se casem ou se exponham.
“Não creio que isso será reversível
porque a sociedade americana mudou, as atitudes dos jovens, em
particular, mudaram. O que não significa que não haverá importante
batalhas pela frente.”
Valores fundamentais
Obama deixou claro que não se calará
depois de deixar o cargo na sexta-feira, e prometeu se manifestar sempre
que sentir que os “valores fundamentais” da América forem ameaçados.
Ele afirmou que certas questões seriam suficientes para tirá-lo da
aposentadoria e trazê-lo de volta ao cenário político.
“Existe uma diferença entre o
funcionamento normal da política e certos temas ou certos momentos em
que acho que nossos valores fundamentais podem estar em jogo”, disse.
“Incluo nesta categoria qualquer forma
de discriminação sistemática sendo ratificada de alguma forma, qualquer
obstáculo explícito ou funcional para que as pessoas não votem”, seguiu o
presidente democrata. “Incluo nesta categoria os esforços
institucionais para silenciar a dissidência ou a imprensa.”
Ele afirmou que pretende seguir um rumo
diferente de seu antecessor, o ex-presidente George W. Bush, que se
retirou da vida pública há oito anos, afirmando que seu sucessor merecia
o seu silêncio. Obama tem expressado respeito pela decisão de Bush nos
últimos anos, mas disse a amigos que não pretende permanecer como um
espectador do desmantelamento de ideais democráticos que ele defendeu
por oito anos.
Obama destacou que não irá se
“candidatar a um cargo político”. “O que disse que é importante
descansar um tempo para processar esse período incrível que passei.
Agora vou aproveitar com minha família, vou fazer 25 anos de casado e
espero que Michelle me aguente mais. Quero ficar um tempo quieto, sem
ouvir tanto a minha voz”, ressaltou destacando que ainda quer “escrever
bastante”.
O democrata justificou ainda sua decisão
de comutar a pena do ex-soldado Chelsea Manning por vazar documentos
militares para o site WikiLeaks, alegando que já cumpriu parte
importante da pena —que era desproporcional.
Ele disse também que está “significativamente preocupado” com as questões envolvendo Israel e Palestina e que teme que o momento para chegar a um acordo “está passando”.
“Sacode a poeira e segue”
Questionado sobre como foi ver as suas
filhas reagirem à derrota de Hillary Clinton nas eleições de novembro do
ano passado, o mandatário ressaltou o “orgulho” que tem das duas e que
elas reagiram bem ao fato.
“Foi interessante foi ver como Malia e
Sasha ficaram decepcionadas porque apoiaram Michelle durante a campanha e
era o que nós acreditamos. Mas, o que também tentamos ensiná-las foi
que a esperança existe e que o fim do mundo é apenas quando ocorre o fim
do mundo. Aí você levanta, sacode a poeira e segue.
Nenhuma delas pretende seguir na
carreira política e acho que a mãe delas também, mas sabem que precisam
ser cidadãs ativas”, acrescentou. Ao receber a pergunta de que era o
primeiro presidente negro do país, Obama afirmou que espera ver os EUA a
ter “pessoas emergindo nos cargos políticos, sejam negros, de qualquer
religião, judeus, hindus, se dermos chances a elas”.
Usando o exemplo dos Jogos Olímpicos no
Brasil, Obama ressaltou que “nós vimos e demos o melhor nos Jogos
Olímpicos do Brasil”. “E isso foi divertido porque sempre que você vê
quem é o melhor em seu esporte, é divertido. Mas eles são de todas as
formas, cores, e você olha para Simone Biles e Michael Phelps e eles são
bem diferentes. Isso é o que nos marca”, ressaltou.
“O que me preocupa mesmo é a
desigualdade porque eu acho que se nós não investirmos nas pessoas, não
permitirmos que todos trabalhem, isso vai nos levar a uma separação
ainda maior entre os norte-americanos”, revelou.
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