O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal
(STF), enviou uma carta à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia,
afirmando que deixou seu antigo escritório em 27 de junho de 2013,
quando nomeado a integrar a Corte. A carta, enviada após o término da
sessão desta quarta-feira, 21, foi uma resposta à fala de Gilmar Mendes
que recomendou à presidente que o ministro fechasse seu escritório de
advocacia.
"Diante
da afirmação falsa feita hoje no Plenário, venho formalmente comunicar a
Vossa Excelência que me desliguei do escritório que integrei, em data
anterior à minha posse, e que jamais atuei em processo pro ele
patrocinado ou por qualquer dos seus sócios", disse Barroso
"A
esse propósito, no meu primeiro dia no Tribunal - 27 de junho de 2013 -
oficiei formalmente à Secretaria Judiciária da Presidência para que não
me fosse distribuída ação em que o escritório ou qualquer dos seus
sócios atuassem", acrescentou.
Os
ministros protagonizaram um intenso bate-boca no plenário do Supremo em
sessão que deveria votar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre
doações ocultas de campanha eleitoral.
No meio de seu voto, o
ministro Gilmar Mendes - que já havia criticado o que considerou uma
protelação da ministra Cármen Lúcia em relação à tramitação do pedido de
habeas corpus do ex-presidente Lula - recomeçou a repreender atitudes
de ministros da Corte. Mencionou a votação em que a Primeira Turma do
STF decidiu que não é crime a interrupção da gravidez até o terceiro mês
de gestação, que teve a relatoria de Barroso.
"Ah, agora vou dar
uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto". De preferência na
Turma com três ministros, aí fazemos um dois a um", disse Gilmar.
Barroso, então, interrompeu Gilmar e afirmou que o ministro é "uma
pessoa horrível".
"Me deixe de fora desse seu mau sentimento. Você
é uma pessoa horrível. Isso não tem nada a ver o que está sendo
julgado", disse Barroso.
O ministro continuou: "A vida para Vossa
Excelência é ofender as pessoas. Vossa Excelência é uma desonra para
todos nós. Vossa Excelência desmoraliza o tribunal. Já ofendeu a
presidente (Cármen Lúcia), ofendeu o ministro Fux, e agora me ofende. O
senhor é a mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia", disse
Barroso.
A presidente Cármen Lúcia anunciou a suspensão da sessão
em meio ao bate-boca e o ministro Gilmar Mendes pediu para continuar seu
voto. A ministra Cármen repetiu que a sessão estava suspensa e Gilmar
rebateu, referindo-se a Barroso: "O senhor deveria fechar seu escritório
de advocacia!"
Diante da insistência dos ministros, a presidente
Cármen Lúcia cortou o som dos microfones e a sessão foi, finalmente,
suspensa. Durante o intervalo, os ministros Edson Fachin, Luiz Fux,
Ricardo Lewandowski, Celso de Mello, Roberto Barroso, Alexandre Moraes e
Marco Aurélio ficaram em conversa no plenário.
Após a interrupção
da sessão, Barroso pediu desculpas aos ministros pela discussão. Os
colegas tinham um semblante de consternação. "Lamento, lamento", disse
Barroso. Gilmar Mendes, por sua vez, depois de retomada a sessão, voltou
a falar nos temas que deram origem ao bate-boca e rebateu termos que
lhe foram atribuídos por Barroso.
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