© Werther Santana/Estadão
O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes
O pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes,
afirmou neste sábado, 24, em Barcelona, na Espanha, que as eleições de
2018 no Brasil correm o risco de ser “uma das mais fraudadas da
história”. Para o ex-ministro e ex-governador, a mudança nas regras de
financiamento de campanha, que entre outras regras proíbe doações por
empresas privadas, abre o caminho para que igrejas e o narcotráfico –
que movimentam grandes quantidades de dinheiro vivo – patrocinem o caixa
2 de partidos e candidaturas.
O assunto foi um dos debatidos em
um painel do Fórum Brasil-Espanha, evento neste ano realizado em
Barcelona. Dedicado ao debate político e econômico sobre as relações
bilaterais, o seminário tem como público estudantes, empresários e
acadêmicos e em 2018 se dedicou a projetar o Brasil pós-eleições.
Entre
os temas abordados no principal painel do dia, o caixa 2 e a relação
entre os poderes público e privado tiveram destaque no discurso de Ciro.
O pré-candidato do PDT disse que, em 38 anos de vida pública, pôde
testemunhar a forma como políticos de esquerda e de direita se
relacionaram com o financiamento oculto de campanha. "O mundo político
relativiza os próprios valores. Se eu não ponho dinheiro oculto no
bolso, eu sou honesto”, exemplificou.
Segundo Ciro, o Brasil agora
vai experimentar o financiamento público de campanhas, mas não terá os
mecanismos para combater o caixa 2. "Nós optamos agora pelo
financiamento individual de campanhas. Ok, vamos experimentar. Mas eu
desconfio que serão as eleições mais fraudadas da história do país”,
afirmou. "Vai ser muito facilitado por quem circula com grandes
quantidades de dinheiro em espécie. Por exemplo, igrejas e
narcotráfico."
Ainda
sobre o cenário político, Ciro voltou a criticar o impeachment de Dilma
Rousseff, a quem definiu como “pessoa honrada”, em contraponto ao
governo de Temer, ao qual chamou de "quadrilha de marginais”. Para ele, o
Brasil sofre com a falta de educação democrática do brasileiro. "Nós
não temos uma cidadania treinada, e também não podemos ter. Nosso povo é
vítima de uma história autoritária”, avaliou. "A juventude brasileira
imagina, porque cresceu na redemocratização, que nós não temos uma
vocação democrática. Nós não temos nenhuma vocação democrática. A
vocação brasileira é autoritária, golpista."
O ex-ministro também criticou a agenda de reformas empreendidas pelo governo de Michel Temer, em especial a da previdência –
retirada da pauta do Congresso em fevereiro. Segundo ele, as medidas
propostas não enfrentam os privilégios de 2% dos segurados – entre
políticos, magistrados e nichos do funcionalismo público –, beneficiados
por um terço de todo o orçamento previdenciário. Já a nova legislação
trabalhista, conforme Ciro, não enfrenta o alto grau de informalidade da
economia, o que prejudica a arrecadação e as contas públicas.
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