O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou nesta quinta-feira,
4, o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que tentou emplacar
regras mais suaves na reforma da Previdência para policiais que servem à
União. Segundo ele, o presidente tem bons princípios, mas tem “uma
ingenuidade ou outra”, como nesse caso.
“Eu tenho convivido com o
presidente e não vejo um milímetro de comportamento dele que fosse
(...), a não ser uma ingenuidade ou outra, uma coisa ou outra tipo: não
dá para ajudar aquele ali não? Como ocorreu agora com a Previdência. E
eu disse ‘Presidente, é o Congresso que está com a reforma, jogo que
segue, a bola está com eles’”, disse em evento promovido pela XP
Investimentos em São Paulo.
Guedes disse ainda acreditar que há potência fiscal suficiente na
reforma da Previdência para tentar “lá na frente” criar o regime de
capitalização no Brasil. A declaração foi dada em apresentação em evento
da XP Investimentos, em São Paulo.
“O primeiro movimento foi
conseguir potência fiscal na reforma, e há potência fiscal suficiente
para tentarmos lá na frente de novo migrar do regime de capitalização”,
disse.
O ministro foi aplaudido de pé pela plateia do evento
quando subiu ao palco. Ele acenou com as duas mãos para o público antes
de começar a falar. Os participantes foram além e houve quem gritasse
“meu presidente!”.
Guedes acredita que a reforma da Previdência
será aprovada no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, que
começa no dia 18. "Eu confio no Congresso brasileiro", disse o ministro,
sendo aplaudido pela plateia logo após essa declaração.
Ele
garantiu que tem o apoio de lideranças do Congresso, citando os nomes do
presidente da Comissão Especial da Câmara, Marcelo Ramos, do relator da
reforma na comissão, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e do presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Ao contrário do que se diz por aí,
nós temos o apoio (deles)", disse.
Plano econômico
Guedes
afirmou que o governo pretende lançar um programa econômico no segundo
semestre, para ser tocado após a aprovação da reforma da Previdência.
Segundo ele, será um trabalho de colaboração com o Congresso. A
declaração é dada num momento em que o Legislativo tenta assumir o
protagonismo da pauta econômica.
Guedes disse que o governo
pretende “reanimar a economia sem truques, só com fundamentos” e
lamentou os ataques recebidos. “Merecemos algum apoio e compreensão. A
bola é sua? Só você pode jogar?”, disse o ministro, em referência aos
governos de esquerda.
O ministro afirmou que, superada a discussão
para a reforma da Previdência, o governo pretende começar a “ensaiar”
as privatizações. Segundo ele, o governo tem uma meta de US$ 20 bilhões
em desestatizações em 2019 e que cerca de US$ 12 bilhões já foram
alcançados.
“É uma meta bastante baixa, que será superada ao longo
do ano. À medida que for pegando velocidade, e todo mundo for
acreditando, podemos ir bem mais do que todos estão pensando”,disse.
Acordo Mercosul-UE
Paulo
Guedes afirmou que o governo tem dois anos para "simplificar, eliminar e
reduzir impostos", em referência ao período previsto para que o acordo
entre Mercosul e União Europeia comece a entrar em vigor. Antes de
começar de fato, o acordo precisa ser aprovado pelos congressos dos
países que participam dos blocos.
O trabalho que o governo
pretende fazer na área tributária tem o objetivo de tornar o País mais
competitivo, em condições de disputar no mercado internacional e para
que o acordo seja positivo para o Brasil.
Enquanto falava sobre a
falta de abertura do Brasil para o comércio internacional, Guedes
criticou a aliança do Mercosul com a Venezuela, que, para ele, era muito
mais uma aliança política e ideológica do que uma integração econômica.
"Não é uma organização econômica interessante para nós", disse o
ministro, classificando a situação como "obsoleta".
O ministro
criticou a maneira como o antigo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio estava funcionando na relação com o setor privado,
com lideranças industriais obsoletas que travavam a abertura. "Não teria
sido possível (o acordo) se não tivéssemos juntado os ministérios",
disse. "Por que a abertura comercial não foi feita antes? Parte por
ideologia e parte por lobby", disse.
O acordo com a União
Europeia, na visão de Guedes, vai na linha do plano do governo de abrir o
País de maneira gradual. "A abertura gradual da economia está
assegurada", disse.
O ministro disse ainda que, resolvendo a
questão fiscal do Brasil, o País caminhará para a redução dos juros. "Os
juros devem descer lá na frente", disse, em referência às expectativas
do mercado.
O ministro disse ainda que em quatro, cinco ou seis
dias o governo vai apresentar o plano de "choque de energia barata",
que, por enquanto, envolve um governador, o do Rio de Janeiro, Wilson
Witzel. "Se reduz impostos, abre economia e dá choque de energia barata,
podemos reindustrializar o País."
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