quinta-feira, 4 de julho de 2019

Guedes diz que Bolsonaro foi 'ingênuo' ao tentar regra mais suave para policiais na Previdência

Estadão

O ministro da Economia, Paulo Guedes.   © José Cruz/Agência Brasil - 3/7/2019 O ministro da Economia, Paulo Guedes.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou nesta quinta-feira, 4, o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que tentou emplacar regras mais suaves na reforma da Previdência para policiais que servem à União. Segundo ele, o presidente tem bons princípios, mas tem “uma ingenuidade ou outra”, como nesse caso.

“Eu tenho convivido com o presidente e não vejo um milímetro de comportamento dele que fosse (...), a não ser uma ingenuidade ou outra, uma coisa ou outra tipo: não dá para ajudar aquele ali não? Como ocorreu agora com a Previdência. E eu disse ‘Presidente, é o Congresso que está com a reforma, jogo que segue, a bola está com eles’”, disse em evento promovido pela XP Investimentos em São Paulo.

Guedes disse ainda acreditar que há potência fiscal suficiente na reforma da Previdência para tentar “lá na frente” criar o regime de capitalização no Brasil. A declaração foi dada em apresentação em evento da XP Investimentos, em São Paulo.

“O primeiro movimento foi conseguir potência fiscal na reforma, e há potência fiscal suficiente para tentarmos lá na frente de novo migrar do regime de capitalização”, disse.
O ministro foi aplaudido de pé pela plateia do evento quando subiu ao palco. Ele acenou com as duas mãos para o público antes de começar a falar. Os participantes foram além e houve quem gritasse “meu presidente!”.


Guedes acredita que a reforma da Previdência será aprovada no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18. "Eu confio no Congresso brasileiro", disse o ministro, sendo aplaudido pela plateia logo após essa declaração.

Ele garantiu que tem o apoio de lideranças do Congresso, citando os nomes do presidente da Comissão Especial da Câmara, Marcelo Ramos, do relator da reforma na comissão, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Ao contrário do que se diz por aí, nós temos o apoio (deles)", disse.

Plano econômico

Guedes afirmou que o governo pretende lançar um programa econômico no segundo semestre, para ser tocado após a aprovação da reforma da Previdência. Segundo ele, será um trabalho de colaboração com o Congresso. A declaração é dada num momento em que o Legislativo tenta assumir o protagonismo da pauta econômica.

Guedes disse que o governo pretende “reanimar a economia sem truques, só com fundamentos” e lamentou os ataques recebidos. “Merecemos algum apoio e compreensão. A bola é sua? Só você pode jogar?”, disse o ministro, em referência aos governos de esquerda.

O ministro afirmou que, superada a discussão para a reforma da Previdência, o governo pretende começar a “ensaiar” as privatizações. Segundo ele, o governo tem uma meta de US$ 20 bilhões em desestatizações em 2019 e que cerca de US$ 12 bilhões já foram alcançados.

“É uma meta bastante baixa, que será superada ao longo do ano. À medida que for pegando velocidade, e todo mundo for acreditando, podemos ir bem mais do que todos estão pensando”,disse.

Acordo Mercosul-UE

Paulo Guedes afirmou que o governo tem dois anos para "simplificar, eliminar e reduzir impostos", em referência ao período previsto para que o acordo entre Mercosul e União Europeia comece a entrar em vigor. Antes de começar de fato, o acordo precisa ser aprovado pelos congressos dos países que participam dos blocos.

O trabalho que o governo pretende fazer na área tributária tem o objetivo de tornar o País mais competitivo, em condições de disputar no mercado internacional e para que o acordo seja positivo para o Brasil.

Enquanto falava sobre a falta de abertura do Brasil para o comércio internacional, Guedes criticou a aliança do Mercosul com a Venezuela, que, para ele, era muito mais uma aliança política e ideológica do que uma integração econômica. "Não é uma organização econômica interessante para nós", disse o ministro, classificando a situação como "obsoleta".

O ministro criticou a maneira como o antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio estava funcionando na relação com o setor privado, com lideranças industriais obsoletas que travavam a abertura. "Não teria sido possível (o acordo) se não tivéssemos juntado os ministérios", disse. "Por que a abertura comercial não foi feita antes? Parte por ideologia e parte por lobby", disse.

O acordo com a União Europeia, na visão de Guedes, vai na linha do plano do governo de abrir o País de maneira gradual. "A abertura gradual da economia está assegurada", disse.

O ministro disse ainda que, resolvendo a questão fiscal do Brasil, o País caminhará para a redução dos juros. "Os juros devem descer lá na frente", disse, em referência às expectativas do mercado.

O ministro disse ainda que em quatro, cinco ou seis dias o governo vai apresentar o plano de "choque de energia barata", que, por enquanto, envolve um governador, o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. "Se reduz impostos, abre economia e dá choque de energia barata, podemos reindustrializar o País."

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