| © Pablo Valadares/Câmara dos Deputados Câmara dos Deputados aprovou a lei que criminaliza o abuso de autoridade em votação simbólica |
A Câmara dos Deputados aprovou na noite de quarta-feira 14, em votação simbólica, o projeto de lei que criminaliza o abuso de autoridade.
Com respaldo das principais lideranças da Casa, a proposta prevê
punições a agentes públicos, incluindo juízes e procuradores, que
adotarem uma série de práticas usadas em investigações conduzidas ao
longo dos últimos anos no país. Caberá ao presidente Jair Bolsonaro sancionar o texto para transformá-lo em lei.
Entre as medidas está a punição para o juiz que que decretar a
condução coercitiva sem prévia intimação de comparecimento ao
investigado ou a uma testemunha. Prevê, ainda, detenção para quem
fotografar ou filmar preso, investigado ou vítima sem seu consentimento,
com o intuito de constranger a pessoa. As penas vão de prisão de três
meses a quatro anos, dependendo do delito, além de perda do cargo.
Os
parlamentares precisam votar ainda três pedidos de alteração à matéria
para concluir a análise do projeto. Deputados do PSL querem retirar do
texto a previsão de perda do cargo e inabilitação para exercer a função
por cinco anos para quem for reincidente no crime de abuso de
autoridade. Já o Podemos é contrário à punição para o uso de algemas
quando não houver resistência à prisão, ameaça de fuga ou risco à
integridade física do próprio preso.
O Cidadania também trabalha para tirar
a previsão de prisão de um a quatro anos e multa para quem der início
ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada.
O projeto já tinha passado pela Câmara, mas, como foi modificado pelo Senado
em junho, teve de voltar aos deputados. A votação do projeto no Senado
ocorreu a toque de caixa. Num intervalo de sete horas, a proposta, que
estava parada na Casa havia pelo menos dois anos, foi aprovada na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário, em votação
simbólica – quando os votos individuais dos senadores não são
registrados.
A análise dos senadores acabou por suavizar partes do texto. Um dos pontos alterados foi a pena prevista para quem cometer o abuso
de autoridade. Se antes a previsão era de reclusão, agora é de detenção
de seis meses a dois anos, podendo começar em regime aberto ou
semiaberto, além da aplicação de uma multa.
Apenas
PSL, Cidadania, Novo e PV orientaram suas bancadas a se opor às medidas.
A aprovação do projeto foi criticada por membros da força-tarefa da
Operação Lava Jato em Curitiba e por alguns parlamentares, que
classificaram a proposta como uma reação à publicação de mensagens trocadas pelo então juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, com procuradores. Para defensores do projeto, as conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil reforçaram a necessidade de se endurecer a lei de abuso no país.
(Com Estadão Conteúdo)
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