A
presidente legítima Dilma Rousseff voltou a se manifestar nas redes
sociais nesta quinta-feira 29, desta vez para confirmar que a situação
brasileira é mais esdrúxula do que simplesmente ter o primeiro ocupante
da presidência denunciado por corrupção – no caso, Michel Temer.
Dilma lembrou, em sua conta no Twitter, o
discurso feito ontem pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), quando
entregou o cargo de líder do PMDB, e afirma que o Brasil, na verdade, é
governado pelo presidiário Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que daria ordens em
Temer da cadeia.
“Senador Renan Calheiros confirma o que
sempre denunciamos: Eduardo Cunha levou a cabo o golpe para governar por
trás de Temer, até da cadeia”, postou Dilma Rousseff. “Cabe ao STF
julgar a flagrante ilegalidade do impeachment que propiciou o absurdo de
termos um governo dirigido desde a cadeia”, acrescentou.
Leia mais na reportagem da Reuters sobre o discurso de Renan:
Renan diz que não tem vocação para “marionete” e deixa liderança do PMDB
BRASÍLIA (Reuters) – O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciou
nesta quarta-feira à liderança do PMDB na Casa, alegando não ter vocação
para “marionete”, e afirmou que o presidente Michel Temer não tem
credibilidade para conduzir as reformas trabalhista e da Previdência,
que considera “exageradas” e “desproporcionais”, num discurso que buscou
provocar mais desgaste ao governo.
Renan deixou o comando da bancada,
majoritariamente favorável às reformas que o governo vem conduzindo
–especialmente à trabalhista–, voltou a criticar o governo por ser
“comandado” por Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, preso na
operação Lava Jato, e recomendou que Temer renuncie.
“Devolvo agradecido aos meus pares o honroso cargos que me confiaram”, disse o senador.
“Ontem mesmo fiz questão de reiterar o
que já havia dito em outro momento, não seria jamais líder de papel, nem
estou disposto a liderar o PMDB atuando contra os trabalhadores e os
Estados mais pobres da Federação”, acrescentou Renan.
Ao afirmar que a impossibilidade de
senadores promoverem mudanças na reforma trabalhista para evitar que ela
tenha que passar por uma nova votação na Câmara “degrada o
bicameralismo”, Renan argumentou que não poderia permanecer na liderança
sob a pena de “ceder” a um governo que trata o PMDB como um
“departamento do Executivo”.
O senador sugeriu ainda que se instalou
em seu partido um ambiente de “perseguição”, “intrigas” e “ameaças”
contra quem “não reza a cartilha governamental”.
“Cabe-nos aceitar a situação ou reagir a ela”, disse o senador. “Não tenho a menor vocação para marionete”, afirmou.
“Sinceramente, não detesto Michel Temer.
Não é verdade o que dizem, longe disso. Não tolero é a sua postura
covarde diante do desmonte da consolidação do trabalho.”
Já há alguns meses Renan tem feito duras
declarações contra as reformas e o governo, que chegaram a incomodar,
levando o líder do governo no Senado e presidente do PMDB, Romero Jucá
(RR), a colher apoio entre peemedebistas para tirar Renan do posto. Mas
prevaleceu a avaliação, na ocasião, de que não valeria a pena criar um
foco de desgaste com uma troca de liderança.
O cenário mudou na terça-feira, quando
Jucá e Renan protagonizaram um bate-boca no plenário do Senado, iniciado
quando o líder do PMDB afirmou que Temer não tinha “legitimidade” para
propor reformas no momento que é investigado no Supremo Tribunal Federal
(STF).
Renan disse ser um “erro” do presidente
achar que poderia governar sob influência de um “presidiário” (Cunha),
além de ameaçar que poderia trocar as indicações da Comissão e
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde deve ser votada nesta
quarta-feira a reforma trabalhista. O senador acrescentou que se fosse
para defender essa proposta, preferiria renunciar ao cargo.
Jucá, relator da reforma na CCJ, rebateu
Renan, defendeu a aprovação do texto e disse que, ao contrário do que
alegara o líder peemedebista, a proposta não retira direito dos
trabalhadores. O governo tenta aprovar a reforma na comissão nesta
quarta-feira a fim de dar um sinal de que não está fragilizado.
Em seguida, o líder do governo reuniu-se com Temer, de quem recebeu o aval para se movimentar pela troca da liderança. (247)
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