Em entrevista conjunta concedida para o jornal Folha de S. Paulo, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
comentaram sobre a relação dos parlamentares com o presidente Jair
Bolsonaro, dias após estarem presentes em reunião com o chefe de
Executivo para que fosse firmado um “pacto” entre os poderes a favor do
Brasil.
Ambos criticaram a “falta de uma agenda” do governo e
destacaram a necessidade de empenho para a aprovação da reforma da
Previdência, além de demonstrarem desacordo com pontos importantes de
algumas propostas enviadas por Bolsonaro ao Congresso, como a proposta
para mudar o Código Nacional de Trânsito e um decreto queflexibiliza o porte de armas. Apesar das discordâncias, eles se disseram determinados a trabalharem em conjunto.
“Eu não preciso gostar do Bolsonaro nem ele gostar de mim. Mas
ele vai ter que me aturar dois anos na presidência do Senado. Eu vou ter
que aturar ele dois anos. Ele vai ter que aturar o Rodrigo e o Rodrigo
vai ter que aturar ele. Eu quero que a gente consiga conviver esses dois anos pensando no Brasil. A minha fé é muito grande”, disse Davi Alcolumbre.]
Na mesma linha, Maia afirmou que “não é uma questão de escolha (ter Bolsonaro como interlocutor). É obrigação manter, de nossa parte, o bom diálogo com ele. Nas últimas semanas o presidente passou a ter um canal melhor com o Parlamento. Ele
é o presidente da República. O Davi foi eleito de forma legítima por
seus pares e eu pelos meus. Cada um tem que ter respeito pelo outro.
Mesmo que discorde da forma como é feito o diálogo. Mas está dado”.
“Com
todas as dificuldades, estamos conseguindo superar pautas importantes
para o Brasil mesmo sem essa relação política (com Bolsonaro) ter sido
estabelecida”, destacou Alcolumbre, que disse ser muito cobrado por
senadores para “adotar uma postura mais firme” em relação ao Executivo.
Questionado se o país viverá em crise permanente se Bolsonaro não cair, Maia descartou o cenário.
“Cair,
não cai. Mas uma coisa é o Parlamento garantir as condições mínimas de
governabilidade: aprovar a reforma da Previdência, resolver a questão do
leilão da cessão onerosa (de petróleo) para fechar o Orçamento, aprovar
o projeto da regra de ouro. A partir daí, qual vai ser o embate? O
governo vai ter força para implementar a agenda que propôs ao Brasil?
Vai ter maioria para isso? Porque o governo é legítimo, mas o Parlamento
também é. Todos foram eleitos pelo voto popular. Certamente o
presidente tem uma agenda que a gente não conhece ainda. Para
implementar essa agenda, ele vai precisar de uma base”, declarou o
presidente da Câmara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário