BRASÍLIA - Partido do presidente Michel Temer, o PMDB não
deve fechar questão, oficialmente, para obrigar seus deputados a votarem
pela rejeição da segunda denúncia contra o presidente e os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da
Presidência). Integrantes do chamado "Centrão", grupo de partidos médios
da base aliada, PR e PSD também não devem fechar questão desta vez.
Ao Estado/Broadcast Político,
o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), justificou que a
avaliação é de que não há necessidade de fechar questão novamente na
segunda denúncia, uma vez que a legenda já fechou questão a favor de
Temer na primeira. "O entendimento no partido e na bancada é de que, se
fechou na primeira, isso vale automaticamente para a segunda", disse.
Ele admitiu, porém, que esse "entendimento" não está escrito
oficialmente em nenhum documento.
Na
primeira denúncia, o PMDB deu 53 votos a favor de Temer e seis
contrários, além de uma abstenção e três ausências. Segundo Rossi, esse
placar deve se repetir na votação da segunda denúncia no plenário da
Câmara, prevista para esta quarta-feira, 25. Dessa vez, porém, terão um
voto contra a menos: o deputado Sérgio Zveiter (RJ), que deixou o PMDB e
se filiou ao Podemos. "Todos os outros cinco votos contra devem se
manter", disse o líder peemedebista.
Esses
cinco deputados - Celso Pansera (RJ), Jarbas Vasconcelos (PE), Laura
Carneiro (RJ) e Veneziano Vital do Rêgo (PB) -, além de Zveiter,
chegaram a ser punidos pelo presidente nacional do PMDB, senador Romero
Jucá (RR), por terem votado contra Temer. Jucá suspendeu os
parlamentares das funções partidárias por 60 dias. Com a suspensão, não
puderam, por exemplo, participar das comissões técnicas da Câmara das
quais são integrantes.
PR e PSD
Os líderes na Câmara do PR, José Rocha (BA), e do PSD, Marcos Montes (MG), também informaram ao Estado/Broadcast Político
que seus partidos e bancadas não devem fechar questão nem a favor, nem
contra Temer. Na primeira denúncia, as bancadas dos dois partidos
fecharam questão a favor do presidente, assim como o PP.
A reportagem não conseguiu contato com o líder do PP, Arthur Lira (AL),
para saber como a bancada se posicionará na segunda denúncia.
No
PR e PSD, a previsão dos líderes é de que o número de votos contra
Temer pode até aumentar. "Já temos nove votos contra o presidente que
são irrecuperáveis. Se vai ter mais votos ou não contra vai depender do
cumprimento ou não da liberação (das emendas individuais impositivas).
Se o governo não cumprir, pode ter problema", afirmou Rocha. Na primeira
denúncia, o PR deu 29 votos a favor e nove contra o presidente.
Lideranças
governistas garantem, porém, que o Palácio do Planalto vai liberar
emendas e nomear afilhados políticos de parlamentares para cargos no
segundo e terceiro escalões do Executivo, para garantir os votos para
barrar a denúncia. "O que tinha para fazer já fizemos. Agora é resolver a
questão das emendas, que alguns deputados estão reclamando", disse o
líder do governo no Congresso Nacional, deputado André Moura (PSC-SE).
O
governo prometeu ao deputado Ronaldo Carletto (PP-BA), por exemplo,
nomear um aliado do parlamentar baiano para um cargo no Banco do
Nordeste. De acordo com aliados de Carletto, a expectativa é de que a
nomeação saia até quarta-feira (25), dia da votação. Em troca da
nomeação, o deputado votaria a favor de Temer. Na primeira denúncia
contra o presidente, Carletto não participou da votação.
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