Dois dias antes de o plenário da Câmara dos Deputados analisar a denúncia contra o presidente Michel Temer, o peemedebista assinou um decreto que dá descontos de até 60% em multas ambientais
ainda não pagas, que serão convertidas em prestação de serviços na área
ambiental. O decreto, que será publicado no Diário Oficial da União
desta terça-feira, é mais um aceno de Temer à bancada ruralista.
O grupo, que tem mais de 200 deputados, tem força para, sozinho, livrar
o presidente da denúncia por obstrução de justiça e organização
criminosa. A votação está marcada para quarta-feira de manhã.
Segundo
o texto do decreto, as multas poderão ser convertidas em "serviços de
preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente". O
documento diz que a conversão não poderá acontecer em casos de reparação
de danos decorrentes das próprias infrações cometidas. A justificativa
do governo, descrita no site do Ministério do Meio Ambiente, é que a
medida vai destravar cerca de R$ 1,2 bilhão represado, que será aplicado
na compensação ambiental.
Poderão pleitear a conversão de 60% das
multas ambientais os autores de infrações que optarem por aderir a
projeto selecionado pelo órgão federal emissor da multa. Já o desconto
de 35% nas multas será dado a quem decidir implementar, por conta
própria, "serviço de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do
meio ambiente".
Há no governo atualmente R$ 4,6 bilhões em multas
ambientais passíveis de conversão, segundo informações do Ibama. O
anúncio do decreto foi feito por Temer no Pantanal, onde esteve no
último sábado ao lado da presidente do Ibama, Suely Araújo.
O
presidente também assinou, nesta segunda-feira, mais dois decretos na
área ambiental. Um deles cria a política nacional de resíduos sólidos
normas para assegurar que haja isonomia na fiscalização e cumprimento
das obrigações de fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes de produtos, resíduos e embalagens "sujeitos à logística
reversa obrigatória".
Um outro decreto estabelece critérios de
sustentabilidade nas compras do setor público. De acordo com a nova
redação proposta pelo documento, durante aquisição de bens e na
contratação de serviços e obras, a administração pública federal vai
precisar adequar a especificação do objeto da contratação e das
obrigações da contratada às práticas de sustentabilidade.
As ações
deverão estar justificadas no processo de licitação a fim de resguardar
o caráter competitivo da disputa. As práticas de sustentabilidade a
serem adotadas deverão ser publicadas como especificação técnica do
objeto, obrigação da contratada ou requisito previsto em lei especial.
De
acordo com o decreto assinado pelo presidente, são considerados
parâmetros sustentáveis o baixo impacto sobre recursos naturais; o uso
de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais utilizados em
bens, obras e serviços; além da utilização de produtos florestais
madeireiros e não madeireiros originários de manejo florestal
sustentável ou de reflorestamento.
— Será um ganho na contenção do
desmatamento, que já está em queda na gestão do governo Michel Temer —
avaliou o ministro em exercício do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo
Cruz, durante a viagem do presidente ao Pantanal, onde Temer assinou os
decretos durante o II Encontro Carta Caiman.
Para a Comissão
Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (CISAP),
fica estabelecido o critério de órgão de natureza consultiva. Vinculada à
Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, a principal
finalidade da CISAP é propor a implementação de metodologias, práticas e
ações de logística sustentável no âmbito da administração pública
federal.
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